quinta-feira, março 28, 2024
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Padre Zé: Domingo de Ramos e da Paixão

Padre Zé fala a respeido do Domingo de Ramos.
Leia e reflita:



Domingo de Ramos na Terra Santa

DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO

 

Leituras podemos ver na Liturgia diária ou no     Jornal  “o Domingo”.

Evangelho preparando o sentido da    procissão de Ramos   (Leia Marcos 11,1-10)


09/03/2012

 

                    O povo simples, postado à beira do caminho que levava a Jerusalém, se identificavam com Jesus de Nazaré, havia em todos aqueles corações, marcados pela esperança, um sentimento de alegria, porque o esperado reino messiânico mesmo sentimento presente no coração do povo estava também no coração do Messias, porém, a salvação e libertação, que ele trazia, era  em seu sentido mais amplo.

                   A procissão do Domingo de Ramos exterioriza esse acolhimento, essa aceitação de Jesus, no coração e na vida de quem crê mais precisamos tomar muito cuidado, para que o nosso canto de Hosana, não fique só no entusiasmo momentâneo, pois proclamá-lo nosso Rei e Senhor, significa um rompimento com qualquer mentalidade ou cultura, pois é  a experiência profunda da conversão sincera, é a prática de uma espiritualidade que ultrapassa a religiosidade ou a simples devoção, e que nos coloca na linha do verdadeiro discípulo.

                  A ruptura se faz necessária justamente porque as vozes contrárias ao Reino, dos Poderes do mundo, tentarão sempre abafar ou distorcer a palavra de Deus. Por isso, o servo sofredor, apresentado por Isaias na primeira leitura (leia Is.50,4-7) é alguém  inflexível, convicto da missão, e que nunca se deixa enganar , porque tem a língua sempre afiada, não para cortar a vida do próximo, mas para proclamar as Verdades de Deus, reconfortando os tristes e abatidos, despertando esperança no coração de todos os que o ouvem. Ainda é esse mesmo Deus que lhe abre ouvidos para que escute como discípulo.

                 Escutar como discípulo requer a disposição interior em doar-se totalmente por esta causa, por isso este Servo sofredor, do qual fala Isaías, que a igreja aplicou a Jesus, coloca toda sua confiança no Deus que vem ao seu auxílio, e que jamais o irá desapontar. Há ainda nessa liturgia, uma atitude que não deve faltar na vida de quem se dispõe a acolher Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador, é o esvaziamento, isto é a  kénose em grego (Fl 2,6-11) que encontramos na segunda leitura dessa liturgia, pois quem quiser se compotar  como um pavão, e alimentar a vaidade da santidade, nunca poderá ser discípulo autêntico, pois o Cristo, que hoje acolhemos é o Cristo da vergonha e humilhação, é o Cristo rebaixado à condição de servo, é o Cristo que morre nu, pendurado em uma cruz, em uma morte vergonhosa e extremamente humilhante.

              Acolher e ovacionar Jesus neste domingo de ramos é bastante comprometedor, por isso que a procissão expõe a fé da nossa igreja publicamente, acenar com os ramos, cantar nossos hinos de louvores e de Hosana, significa a disposição, a coragem e a fidelidade, para percorrer esse mesmo caminho, na firmeza inabalável, ainda que o mundo nos apresente tantos atalhos sedutores, onde podemos ser cristãos medíocres ou se preferirem, cristãos sem compromisso, sem sofrimento e sem nenhum compromisso com o ensinamento do evangelho, como dizia uma pessoa, na porta da igreja, em tom de brincadeira: “Ser cristão é coisa muito boa, o que atrapalha é a cruz”. Assim pensa a maioria dos cristãos de hoje, e o próprio Pedro – Chefe da Igreja – também pensava quando negou o mestre por três vezes, e felizmente hoje se nega muito mais.

             O evangelho da paixão nos mostra o elemento fundamental na vida do cristão : a oração, mas não aquela que fazemos diante de Deus, pedindo para que ele mude a nossa sorte, nos favorecendo em tudo aquilo que queremos, mas oração igual a de Cristo em sua agonia: Pai, afasta de mim esta cruz, contudo não faça a minha vontade, mas a tua vontade (Lc 22,42).

             E finalmente, em um momento tenebroso, Lucas descreve a prisão de Jesus, como uma vitória momentânea das trevas sobre a luz. Jesus hoje continua preso, e às vezes queremos abafar o seu ensinamento, distorcer a essência do seu evangelho, amenizar as exigências do ser cristão, transformando-o em um cristianismo mais suave.  É bom durante a procissão de ramos, fazermos um questionamento: Como nos situamos? Senão  esta Semana Santa, será apenas mais uma entre muitas, cheia de piedade, devoção e sensibilidade capaz de arrancar lágrima dos olhos, como o faz uma boa “dramatização teatral” o que é muito bom… Nós, portanto, queremos mais: Vivê-la mais real, mais concretamente. Queremos arrancar lágrimas de nossos corações,  contritos e humilhados  para acolher o Cristo, morto e ressuscitado em nossas vidas de fé.

 

 

                                                                        Pe José D. de Macedo

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