sexta-feira, abril 19, 2024
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Ponte é vice da sul-americana, e Botafogo se garante na Libertadores

Enquanto desacreditada, a Ponte colecionou feitos de superação: despachou o Deportivo Pasto na altitude colombiana, ignorou a tradição do Vélez Sarsfield em Buenos Aires e passou como quis pelo São Paulo mesmo sem a força do Moisés Lucarelli. Mas, ao chegar à decisão, a Macaca se tornou protagonista. Angariou simpatizantes, atraiu atenções e virou foco. A pressão foi demais para ela.

Em campo, o time fez o que não havia feito até agora: errou. Diante de uma pressão absurda em La Fortaleza, a Alvinegra de Campinas caiu na armadilha programada pelo Lanús. Em dois problemas de marcação logo no primeiro tempo, viu os argentinos conseguirem 2 a 0 no placar e a vantagem necessária. Daí, foi só esperar o segundo tempo e o título dos hermanos, que erguem a taça da Copa Sul-Americana pela sexta vez desde 2004. O sonho do primeiro título em 113 anos de história acabou. E da maneira mais difícil possível.

Quem se deu bem foi o Botafogo. Se a Ponte fosse campeã, se classificaria para a Libertadores da América. Com o vice, a última vaga do país na competição foi herdada pelo time carioca, quarto colocado no Brasileirão.

Enquanto argentinos festejam, pontepretanos choram. Assim como em cinco edições de Campeonato Paulista e uma Série B do Brasileiro, o clube morre em uma nova final, para desespero dos torcedores, incomodados com a sina de vice. Quatro mil fanáticos viajaram até a Argentina e, mesmo com a derrota, não se intimidaram com a aparência de “praça de guerra” da casa do Lanús, com cercas e arames farpados. De Campinas, outros milhares assistiram a mais um vice-campeonato sem acreditar. Parecia a hora da Ponte, mas o primeiro título de expressão vai ter que esperar.

Tão desacreditado quanto à equipe brasileira no início da Sul-Americana, o Lanús teve de passar por adversários duros. Venceu Racing na segunda fase, Universidad do Chile nas otiavas, River Plate nas quartas e Libertad na semifinal. Assim, quebra o jejum de seis temporadas sem levantar uma taça e ainda se garante na disputa de outras duas em 2014: a Libertadores da América e a Copa Suruga, contra o Kashiwa Reysol, no Japão.

A Ponte, por sua vez, viaja ao Brasil nesta quinta-feira de manhã de volta à dura realidade. Rebaixada na Série B do Brasileiro, a Macaca inicia nos próximos dias a reformulação do elenco. Destaques do time, Uendel (que, suspenso, tanta falta fez nesta noite), Baraka e Rildo têm propostas vantajosas e devem se despedir do Majestoso. Outros têm o futuro indefinido.

Certo é que, se a derrota abala, a campanha dá força. O time mostrou o potencial que tem ao chegar à final da Sul-Americana. A torcida também já se acostumou a feitos maiores e abraçará o elenco neste momento. Trunfos importantes para a próxima temporada, em que a Alvinegra, com a mesma força deste segundo semestre, lutará para voltar à elite do Brasileirão. A fé é a mesma, garantem os fanáticos. A hora da Ponte vai chegar.

La Fortaleza impressiona e faz Ponte errar

Arames, fosso, sujeira. Clima de guerra. O ambiente em La Fortaleza não era de maneira nenhuma favorável à Ponte Preta, que percebeu isso logo na chegada. Do ônibus, os brasileiros viram a festa de mais de 40 mil argentinos na entrada do estádio, duas horas antes da partida. Ali, estava o recado: o Lanús estava pronto para tudo. E provou isso durante todo o primeiro tempo.

Com três atacantes, abafou a saída de bola alvinegra desde o
campo de ataque, distribuiu algumas pancadas (típico de finais entre os países) e entrou em todas as divididas possível, nem sempre na bola.

A Ponte, então, assumiu o papel que mais gosta: retraiu-se em busca do contra-ataque perfeito. Fernando Bob, no papel de Uendel pelo lado esquerdo, quase não atacou. A outra novidade do time, Magal, entrou para cuidar do lado direito. Sem cacoete de jogador ofensivo, foi dele o erro que complicou a vida da Macaca no alçapão argentino. Perdeu o controle da bola e viu Ayala armar o contra-ataque mortal. O meia abriu jogo com Blanco e entrou na área para receber. A marcação brasileira não acompanhou. De joelhos, César viu a finalização para o gol vazio.

O estádio, se já estava pulsante, explodiu de vez. Argentinos não se calaram por um minuto sequer e fizeram a Ponte sentir. Com o meio congestionado, Elias esbarrou na falta de espaços para armar. Rildo, pela esquerda, era vigiado por dois a todo momento, mesma atenção dada a Fellipe Bastos, que teve duas chances de chutar a gol – ambas de longe e para fora. O nervosismo estava no rosto dos pontepretanos, em campo e fora dele. Torcida roia as unhas e Jorginho, aos berros, não conseguia arrumar o time.

A irritação do treinador chamou a atenção da arbitragem, que, após uma falta duvidosa na lateral do campo, decidiu expulsá-lo. Incrédulo, Jorginho deixou o campo muito a contragosto, como se pressentisse o pior. Dito e feito. Devido à demora, o árbitro acrescentou um minuto à partida, tempo suficiente para Santiago Silva cabecear, Roberto defender e Blanco, de novo sem goleiro, ampliar.

Ponte tenta de tudo, mas em vão

Impedido de acompanhar a partida do banco, Jorginho usou o intervalo para (tentar) mexer com os brios dos pontepretanos. De cara, trocou Magal por Adailton, o que não funcionou. O passo seguinte foi tirar Artur e apostar em Ferrugem, empolgado por reforçar a delegação no jogo mais importante da história do clube. Também não deu certo. Na única vez que teve espaço para entrar na área, a Ponte viu Rildo furar a cabeçada frente a frente com Marchesin.

Foi a última participação do camisa 7 na partida – possivelmente pela Ponte Preta até. William, artilheiro da equipe na temporada, entrou para aumentar a presença no campo de ataque e abusar do jogo aéreo. Mas, sem laterais de ofício, o camisa 9 ficou isolado na área. Com ele em campo, é verdade, a Macaca foi mais guerreira e participativa. Arriscou mais, mas sem efeito.

Ferrugem, em chute cruzado da lateral do campo, foi quem mais chegou perto de marcar. A visível insatisfação pelo mau resultado, porém, não era suficiente para tentar a reação. A desvantagem – a maior que o clube teve em toda a Sul-Americana – e a expulsão de Jorginho acabaram com as forças da Alvinegra.

O Lanús, claro, não tem nada a ver com isso. Controlou o jogo com paciência, catimba e tranquilidade. Deu-se ao luxo até de não assustar a meta de Roberto. Os titulares postaram-se atrás do meio-campo com o objetivo apenas de retrancar o campo de defesa. Nos contra-ataques, assustaram apenas com González, em chute da meia-lua. Pouco, mas suficiente para garantir o resultado. La Fortaleza explodiu mais uma vez no fim da noite desta quarta: o Lanús, depois de seis anos, ergue uma taça diante da torcida. A Ponte terá que esperar mais um pouco para viver algo parecido.

Globo Esporte
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