O ex-procurador da República, Eitel Santiago, denunciou em redes sociais o desmantelamento do aparelho de Segurança Pública da Paraíba, sob gestão Ricardo Coutinho, e lamentou que haja “mais policiais trabalhando na segurança pessoal do governador (Ricardo Coutinho) e da Granja (Santana) onde reside do que na região em que ocorreram os delitos”.
Eitel também pontuou como faltam policiais (civis e militares) na maior parte dos Municípios do Estado e que, sem efetivo não é possível combater a violência crescente e oferecer o mínimo de segurança à população: “São delegacias fechadas, apurações de delitos suspensas e diminuição da ostensividade das forças policiais são os resultados colhidos.”
Confira a íntegra de sua postagem…
“Na Paraíba, nos últimos sete (7) anos, cresceu o número de assassinatos por armas de fogo. Cresceu também o número de crimes patrimoniais, merecendo destaque as explosões e roubos de bancos, caixas eletrônicos e postos de pagamentos. Em 1º de maio de 2018, a imprensa noticiou ocorrências em Mari. Segundo o repórter Emerson Machado, na Comuna vivem aproximadamente 22.500 pessoas. Apesar disso, somente três (3) soldados de polícia trabalhavam na região no dia do assalto. A informação é impressionante.
Há mais policiais trabalhando na segurança pessoal do Governador e da granja onde reside do que na região em que ocorreram os delitos. Estudos da Organização das Nações Unidas (ONU) recomendam que se disponha de um (1) policial para quatrocentos e cinqüenta (450) habitantes. A inobservância da proporção fragiliza os serviços de segurança pública. Desse modo, precisaria o Estado manter um efetivo de cinquenta (50) servidores, entre policiais – civis e militares – e bombeiros, para cumprir satisfatoriamente o dever de garantir tranquilidade ao povo do mencionado Município.
O malogro da atual gestão de segurança pública insere-se no contexto do aumento da violência no Brasil. No entanto, o Governo local cometeu erros que contribuíram para agravar a insegurança na Paraíba, entre os quais o de abandonar a meta de ampliação de efetivos policiais. Desprezou-se o programa de realização anual de processos seletivos para recrutamento de novos quadros, implantado na Administração em que exerci, por dois (2) anos (2007/2008), o cargo de Secretário da Segurança e Defesa Social do Estado. Poucos foram os concursos realizados a partir de 2009. Não nomearam logo os policiais aprovados nos processos seletivos concluídos em 2008.
Preferiu o Governo fazer investimentos noutras áreas, descumprindo as metas de gradual ampliação de efetivos. Esqueceu que a população sempre cresce, enquanto os policiais envelhecem, se aposentam e morrem, sendo indispensável repor as vagas para se manter a operacionalidade das forças policiais. Com efetivos menores, as instituições enfraqueceram, perdendo parte da capacidade de respostas satisfatórias às necessidades de segurança da população.
Atualmente, faltam policiais – civis e militares – e bombeiros na maior parte dos Municípios paraibanos. Delegacias fechadas, apurações de delitos suspensas e diminuição da ostensividade das forças policiais são os resultados colhidos. O Governador Ricardo Coutinho autorizou recentemente a realização de concurso para ampliar os efetivos das forças policiais. Antes tarde do que nunca.”