quinta-feira, dezembro 5, 2024
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No Dia da Síndrome de Down, usuários da Funad pedem fim do preconceito.

Lucilene Meireles
Trinta e cinco pessoas de várias idades, que têm a síndrome de Down, participaram, ontem, de um desfile de modas realizado na sede da Fundação Centro Integrado de Apoio ao Deficiente (Funad). O evento marcou as comemorações do Dia Internacional da Síndrome de Down, em João Pessoa. Em meio a sorrisos orgulhosos, elas exibiram modelos de grifes famosas, que entraram como parceiras desta causa. A Funad atende a mais de três mil pessoas com deficiência, entre elas, 287 com a Síndrome de Down.

Cristina Lucca, 13, que está no 3º ano do ensino fundamental, é uma delas, e prova, através de suas atitudes e evolução, que é capaz de fazer tudo o que uma pessoa considerada normal faz. A menina adora dançar, sabe ler e escrever e, de quebra, ajuda a mãe em casa. “Ela põe a mesa, lava louça, faz maquiagem, como qualquer menina da idade dela”, afirma a cabeleireira Kátia Lucca, mãe de Cristina.

A maior dificuldade apontada por ela é conseguir uma escola que entenda o que é inclusão. “Ela precisa de uma escola onde conviva com os demais, mas que tenha profissionais que compreendam a condição. Crianças com Down são lentas, apesar de toda autonomia e do acompanhamento pedagógico, que tem facilitado a sociabilização.

O segredo é entender que em alguns momentos a diferença existe, principalmente quando percebemos que estas crianças têm a capacidade de fazer”, destaca. Perspicaz, a menina diz seu nome e a idade, e faz questão de frisar um detalhe: “Lucca com dois ‘cês’”, observa.

Conquista comemorada
Aos 35 anos, Geraldo Gomes Lima Filho, também tem a síndrome, mas garante que é muito feliz. “Participo de peças teatrais, faço triatlon. E hoje é um dia para comemorar as conquistas. Como dizia meu pai, o mal não vence. Quem vence é o bem. Então, a gente ignora o preconceito das pessoas e valoriza muito mais a alegria, o amor e a amizade”, afirma.

A neuropediatra Ana Moema Pereira Nóbrega esclarece que a Síndrome de Down é uma alteração genética do cromossomo 21, mas não pode ser calculada em grau. O que existe é uma gradação bastante ampla do retardo mental que o Down pode apresentar. “Temos casos de pessoas com a síndrome que são pianistas, universitários, mas há outros que não conseguem fazer nada. Tudo depende da estimulação precoce”, ensina.

Dentro das comemorações, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) também realizou uma programação especial para as 61 pessoas com a síndrome atendidas na casa. Hoje, eles vão ao município de Cabedelo, onde participam de um passeio cultural.

A fonoaudióloga da Apae, Ana Maria Costa Alves, lembra que ontem houve uma caminhada nas ruas próximas à sua sede, no bairro Bancários, reunindo alunos e pais. Eles também participaram de uma palestra, lanche especial. Amanhã, participam de um torneio de natação e, em seguida, de um café da manhã.

Caso inédito
Uma mulher de 25 anos que mora em João Pessoa chamou a atenção de especialistas que atuam diretamente com pessoas que têm a Síndrome de Down. Ela tem três filhos com a síndrome, fato nunca relatado na literatura médica e desconhecido pela genética em todo o mundo.

Ela será submetida a um exame de cariótipo, que vai analisar seus dados genéticos em busca de respostas para este caso. A coordenadora da Deficiência Intelectual da Funad, Hellen Cavalcanti, disse que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) foi informada.

Em julho, a mãe das crianças será encaminhada a um seminário realizado pela SBPC, em São Luiz (Maranhão). “Queremos saber o que provocou a geração de três crianças de uma mesma mãe com a síndrome”, completa.

Genética
– A Síndrome de Down é uma alteração genética que tem como fator desencadeador um cromossomo a mais. Por isso, é chamada também trissomia do cromossomo 21.

– A idade materna tem grande influência. Mulheres que têm filhos a partir dos 30 anos têm mais chances de gerar uma criança com a Síndrome de Down.

– Um estudo realizado na Inglaterra concluiu que o número de casos está aumentando porque as mulheres têm deixado para ter filhos mais tarde.

– Apesar da influência da idade, casais jovens também correm o risco de gerar uma criança com a síndrome.

Correio da Paraíba

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