O Departamento de Estradas de Rodagem da Paraíba (DER) realizou a instalação de redutores de velocidade em pontos estratégicos da rodovia PB-066, denominada como Marta Lopes Burity, atendendo a um antigo pedido de motoristas e moradores das comunidades próximas.
Deputados e prefeitos prestigiam Celebra Ingá 185 anos
A penúltima noite do Celebra Ingá 185 anos, realizada na segunda-feira, 3 de novembro, foi marcada por uma grande celebração popular que reuniu autoridades, lideranças políticas e milhares de pessoas no Pátio do Mercado.
O evento contou com apresentações de Vaqueiro Karkará, Danieze Santiago e da consagrada banda Limão com Mel, que animaram o público em uma noite de muita música, emoção e comemoração pelos 185 anos de emancipação política de Ingá.
Entre as autoridades presentes estavam os deputados Wellington Roberto, Caio Roberto e Tovar Correia Lima, além de prefeitos da região como Ari (Riachão do Bacamarte), Josmar (Itatuba) e Antônio Ferreira (Mogeiro), que prestigiaram o evento acompanhados de suas comitivas de vereadores e recebidos pelo prefeito Jan, anfitrião da festa.
Durante os 12 dias de programação, o Celebra Ingá 185 anos valorizou a cultura, a fé e o entretenimento, reafirmando a tradição de Ingá como uma das cidades mais acolhedoras e festivas do interior paraibano.
Ingá Cidadão
GAECO denuncia juiz e advogados por corrupção, fraude processual e lavagem de dinheiro na Paraíba
O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público da Paraíba (MPPB), ofereceu denúncia ao Tribunal de Justiça contra o juiz Glauco Coutinho Marques e os advogados Hilton Souto Maior Neto, Henrique Souto Maior Muniz de Albuquerque, Luis Henrique de Amorim Santos e Armando Palhares Silva Júnior.
Como obtido pelo ClickPB, eles são acusados de integrar um esquema criminoso destinado à manipulação do sistema judiciário para geração de vantagens financeiras ilícitas.
Segundo a denúncia, as investigações — um desdobramento da Operação Retomada — revelaram a existência de uma organização criminosa focada na obtenção de decisões judiciais direcionadas, especialmente na comarca de Gurinhém, onde o magistrado atuava.
O esquema se utilizava de associações com aparência legal, mas sem atuação real, para ajuizar ações em massa e garantir decisões liminares que favoreciam interesses de particulares, empresas e grupos ligados aos denunciados.
Entre as medidas supostamente irregulares concedidas estavam:
- Suspensão de consignados;
- Resgate artificial de créditos;
- Exclusão de registros negativos em cadastros de crédito;
- Reativação de benefícios expirados;
- Concessão clandestina de empréstimos a idosos.
De acordo com decisão do MPPB, o requerimento solicita o sequestro e bloqueio cautelar imediato de um veículo de luxo registrado em nome de Armando Palhares Silva Júnior, que ficará sob responsabilidade de Hilton Souto Maior Neto, comprovado como proprietário do carro.

Leia mais no ClickPB
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Nota
A defesa de Hilton Souto Maior Neto, em contato com o ClickPB, emitiu uma nota contestando envolvimento com os demais mencionados na denúncia. De acordo com os advogados de defesa, “o investigado sempre pautou sua conduta pessoal e profissional pela legalidade, ética e respeito ao próximo”.

Barragem entra em colapso e Cagepa anuncia racionamento de água em Patos
A partir de 17 de novembro diversos bairros da cidade de Patos devem enfrentrar um rodízio no abastecimento de água. De acordo com a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), a Barragem da Farinha, que abastece o município está entrando em colapso hídrico, com o volume morto.
A previsão que todos os bairros da cidade fiquem sem água dois dias por semana. No entanto, o cronograma completo ainda não foi divulgado pela Companhia. No momento, os açudes de Coremas, Capoeira e Jatobá estão garantido o abastecimento mínimo.
Apesar dos esforços com o racionamento, a medida pode até não ser completamente eficaz, uma vez que a evaporação causada pelas altas temperatura contribui para a diminuição do volume de água.

De acordo com a Agência Executiva da Gestão das Águas (AESA), a Barragem da Farinha está em situação crítica, com menos de 3% de sua capacidade total.
Portal correio
Quem são as 7 lideranças do CV que serão transferidas a presídios federais
Uma semana após a megaoperação policial que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro, a Justiça autorizou, nesta terça-feira (4), que sete presos considerados como lideranças do CV (Comando Vermelho) sejam tranferidos de presídios estaduais para presídios federais.
O processo será encaminhado ao Juízo Federal competente para a adoção dos trâmites legais. Após a autorização judicial, a Polícia Penal Federal realizará as transferências.
Os homens não fazem parte dos 113 presos na Operação Contenção.
Ainda não há definição sobre a unidade federal para a qual os presos serão destinados. Por razões de segurança, essas informações são divulgadas apenas após a conclusão das escoltas.
O governo do Rio chegou a solicitar dez novas vagas em penitenciárias federais.
A Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais) do Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou ainda que, em 2025, 12 novos presidiários do Rio de Janeiro foram incluídos no Sistema Penitenciário Federal.
O Rio é atualmente o segundo maior estado em número de presos sob custódia judicial federal, totalizando 59 custodiados.
Doca segue foragido
O principal alvo da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Edgar Alves de Andrade — conhecido como “Doca” ou “Urso” — permanece foragido.
Quem é Doca, principal liderança do CV na Penha e alvo de megaoperação
Apontado pelas forças de segurança como uma das principais lideranças do Comando Vermelho (CV), Doca conseguiu escapar durante a ação policial. Segundo apuração do analista convidado da CNN Brasil Leandro Stoliar, a fuga contou com a proteção de cerca de 70 integrantes da facção, que formaram um cerco armado para garantir a saída do criminoso da região.
A polícia ainda não sabe o paradeiro dele. O Disque Denúncia oferece recompensa de R$ 100 mil por informações que levem à localização do suspeito — o mesmo valor pago por informações sobre Fernandinho Beira-Mar quando ele fugiu para a Colômbia.
De acordo com o Ministério Público, Doca é apontado como o responsável por ordenar atos de tortura no Complexo da Penha. Ele é considerado um dos chefes do tráfico de drogas do Comando Vermelho e, atualmente, lideraria o comércio ilegal de entorpecentes no Morro do São Simão, em Queimados, na Baixada Fluminense.
Natural de Caiçara, na Paraíba, Doca despontou como uma das principais figuras da facção ao longo dos últimos anos, acumulando influência dentro da estrutura do CV e comandando operações criminosas em diferentes pontos do estado do Rio.
As forças de segurança seguem realizando diligências para tentar localizar o suspeito. A megaoperação do dia 28 de outubro resultou em mais de 120 mortos, segundo informações oficiais, e foi a maior ação policial mais letal já registrada no estado.
(Com informações da Agência Brasil)
*Sob supervisão de Carolina Figueiredo
CNN Brasil
Parque aquático em João Pessoa anuncia 678 vagas de emprego
Empresa também oferece uma série de benefícios aos colaboradores
Santander e Caixa Econômica Federal são multados em R$ 130 mil após cobranças e empréstimos irregulares em Campina Grande
As instituições financeiras descumpriram os dispositivos do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e a Lei Estadual 12.027/2021 em contratos de empréstimos.
A Caixa Econômica Federal e o Banco Santander foram multados em R$ 130 mil por descumprirem a legislação consumerista. Os casos multados são em relação a cobrança excessiva de juros e o desrespeito à vulnerabilidade de uma consumidora idosa, que teve dois empréstimos não solicitados em seu nome. Após serem notificados, os bancos têm um prazo de 10 dias para buscar recurso.
De acordo com o Procon, a primeira ocorrência envolve um consumidor, morador do bairro Jardim Paulistano, que contratou um empréstimo no valor de R$ 15 mil na Caixa Econômica Federal e teve aumento nas parcelas, após uma suspensão não solicitada na cobrança durante o período da pandemia de Covid-19. Ao procurar o banco para quitar o contrato antecipadamente foi surpreendido com um valor de quitação de R$ 8 mil mais R$ 7 mil de juros.
Para o Procon, a atitude do banco fere o CDC pela falta de informação clara ao consumidor e vantagem manifestamente excessiva. Diante disso, foi aplicada multa no valor de R$ 30 mil ao banco.
A outra vítima foi uma idosa, do bairro Jeremias, após dois empréstimos consignados em seu nome, vinculados ao Banco Santander, sem nunca ter tido qualquer relação contratual com o banco, que se recusou a ressarcir a reclamante. O Procon-CG constatou que o banco reclamado desrespeitou o princípio da hipervulnerabilidade da consumidora, idosa e analfabeta funcional, garantido pelo CDC, além de infringir a Lei Estadual 12.027/2021, que regulamenta a proteção do consumidor idoso contra empréstimos fraudulentos e não solicitados. Por isso, o Banco Santander foi multado, no valor de R$ 100 mil.
De acordo com o coordenador do Procon-CG, Waldeny Santana, os bancos precisam reconhecer a vulnerabilidade dos consumidores nas relações de consumo. As instituições financeiras descumpriram os dispositivos do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e a Lei Estadual 12.027/2021 em contratos de empréstimos. “Esses casos servem de alerta para que essas instituições tenham mais cuidado e respeito pelos consumidores diante das peculiaridades de cada perfil”, enfatizou o coordenador.
O Procon João Pessoa ainda alerta que os consumidores que se sentirem lesados podem registrar reclamações pelo Disque Procon 151, pelos números (83) 98185-8168 e (83) 98186-3609, pelo Instagram @procondecampina ou pelo aplicativo “Campina com Você”. O atendimento presencial funciona de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h, na sede do órgão, na rua Prefeito Ernani Lauritzen, Centro de Campina Grande.
Fonte: ClickPB
Suspeito envolvido na morte de homem na Praça 1817, em João Pessoa, é preso
Homem foi localizado próximo ao Centro Pop, menos de 24 horas após o crime; sistema inteligente de câmeras de segurança ajudaram a localizar suspeito.
Um dos suspeitos de envolvimento na morte de um jovem de 21 anos, a tiros, na Praça 1817, na tarde dessa segunda-feira (3), foi preso na manhã desta terça-feira (4) pela Guarda Civil Municipal de João Pessoa.
O homem foi localizado próximo ao Centro Pop, no Centro da capital. A polícia teve o auxílio de câmeras e sistema inteligente de monitoramento do projeto Smart City, implantado recentemente pela Prefeitura de João Pessoa.
O suspeito foi conduzido para a Cidade da Polícia Civil, no bairro do Geisel, onde vai aguardar por audiência de custódia. A polícia ainda segue investigando o caso para identificar outros suspeitos de participação no crime.
Fonte: Portal Correio
Moraes determina preservação de provas da megaoperação no Rio e convoca audiência no STF
Ministro atendeu pedido da DPU e ordenou a guarda integral de todos os elementos periciais da ação que deixou 121 mortos.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes determinou neste domingo (2) a preservação integral de todos os elementos periciais e da cadeia de custódia relacionados à megaoperação policial realizada em 28 de outubro nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes.
A decisão atende a um pedido formulado pela DPU (Defensoria Pública da União) na ação conhecida como “ADPF das Favelas”.
Moraes determinou “a preservação e documentação rigorosa e integral de todos os elementos materiais relacionados à execução da referida operação, como perícias e respectivas cadeias de custódia”.
O ministro destacou que o controle e a averiguação desses elementos devem ficar sob responsabilidade do Ministério Público, e autorizou o acesso da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro aos materiais.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), foi intimado a garantir o cumprimento da decisão, que tem como base precedente do STF determinando a preservação de quaisquer vestígios ligados à materialidade de operações policiais com mortes e a realização de perícias efetivas e independentes.
Audiência no STF
Além disso, Moraes marcou para a próxima quarta-feira (5), às 10h, uma audiência conjunta na Primeira Turma do Supremo, reunindo entidades de direitos humanos e instituições que atuam na defesa de moradores de comunidades afetadas pela violência policial.
Entre os convocados estão o CNDH (Conselho Nacional de Direitos Humanos), a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio, o Instituto Anjos da Liberdade, Conectas Direitos Humanos, Redes da Maré, Educafro, Justiça Global, ISER (Instituto de Estudos da Religião), Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, Movimento Negro Unificado, CEJIL (Centro pela Justiça e Direito Internacional), o Movimento Mães de Manguinhos, entre outros.
As entidades deverão indicar seus representantes até as 15h da próxima terça-feira (4) à chefia de gabinete do ministro.
Fonte: Portal Correio, Augusto Fernandes, do R7
Desvendar as causas do autismo ainda é um desafio para a ciência
Apesar de décadas de pesquisa, o transtorno do espectro autista (TEA) continua sendo um dos maiores enigmas da medicina. Em pouquíssimos casos um exame específico é capaz de apontar com precisão sua origem, e a ciência ainda não chegou a um consenso sobre o que realmente desencadeia o transtorno.
Essa lacuna no conhecimento abre espaço para dúvidas, teorias equivocadas e até falsas promessas de cura — terreno fértil para a desinformação florescer nas redes sociais e confundir famílias em busca de respostas.
Em setembro, uma fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alegando que a ingestão de paracetamol por gestantes era responsável por “causar” autismo contribuiu para aumentar a insegurança na população. Mas esse argumento não tem embasamento científico.
“Pesquisas extensas foram realizadas na última década investigando as ligações entre o uso de paracetamol e o autismo e, até o momento, nenhuma associação consistente foi estabelecida”, disse, em nota, a Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Brasil, o Ministério da Saúde afirmou, em comunicado, que a divulgação de conteúdos com essa associação é “irresponsável e pode causar pânico e prejuízo para mães e filhos”. Segundo os dados do Censo de 2022 levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país conta com aproximadamente 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com autismo. No cenário global, a OMS estima que a prevalência do transtorno seja de um a cada 127 indivíduos.
Um estudo de 2025, conduzido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com a Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas (Autistas Brasil), aponta que o volume de informações falsas sobre o TEA na internet cresceu mais de 15.000% entre 2019 e 2024 na América Latina e no Caribe, sendo que o Brasil lidera o número de publicações e comentários conspiratórios.
Foram identificadas pelo menos 150 falsas causas relacionadas ao autismo, dentre as quais estão alegações infundadas sobre o consumo de salgadinhos industrializados, a exposição à radiação 5G e a aplicação de doses de vacinas. Também foram descobertas 150 falsas “curas” para o transtorno, incentivando, por exemplo, terapias com eletrochoque e ingestão de substâncias tóxicas, como dióxido de cloro e prata coloidal.
Para o psicólogo Guilherme Bracarense Filgueiras, professor na Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, essas suposições aproveitam o fato de o autismo ainda ser considerado um mistério da medicina, e vão na contramão dos caminhos necessários para embasar descobertas concretas. “As afirmações não baseadas no rigor científico procuram gerar impacto e engajamento, principalmente nas redes sociais”, pontua.
Mas essas falas não são inofensivas — sobretudo quando vêm de figuras públicas. “Falsas associações alimentam a culpa e o sofrimento entre as mães de crianças com autismo, que podem passar a acreditar erroneamente que suas escolhas durante a gestação contribuíram para o diagnóstico”, observa a médica neuropediatra Marcela Rodríguez de Freitas, professora na Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro, e secretária do Departamento Científico de Neurologia Infantil da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).
A recusa a vacinas e medicações pode resultar em infecções não tratadas e ausência de profilaxia contra doenças preveníveis, aumentando o risco de problemas congênitos, parto prematuro e até mortalidade materna e fetal.
Por que é um mistério
O autismo pode ser considerado um “enigma” por diversas razões. Uma delas é sua causa exata: a ciência já avançou significativamente na compreensão dos fatores associados ao transtorno, mas isso não equivale a conhecer sua origem.
De acordo com Filgueiras, por volta das décadas de 1950 e 1960, algumas teorias da psicologia defendiam que o autismo resultava de uma infância negligente. A “teoria da mãe-geladeira”, como ficou conhecida, sugeria que as crianças que apresentavam características que hoje são associadas ao autismo tinham falta de calor emocional parental, principalmente materno.
Com o avanço dos estudos sobre o tema, essa visão foi substituída por hipóteses embasadas em experimentos científicos replicáveis. Em 1977, um estudo publicado no periódico The Journal of Child Psychology and Psychiatry, que analisou gêmeos e suas famílias, demonstrou que a herdabilidade do autismo era alta e apontou uma forte influência genética na condição.
“Desde então, permitiu-se reconhecer causas genéticas específicas, como mutações patogênicas raras envolvendo um ou poucos genes, em aproximadamente 20% a 25% dos casos de autismo, dependendo da população estudada”, explica a bióloga Andréa Laurato Sertié, pesquisadora do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP).
Mas essas alterações não respondem tudo, já que representam apenas uma pequena fração dos casos. “Não há uma única mutação genética encontrada de forma recorrente em todos os indivíduos com TEA”, resume Sertié.
Acredita-se que a neurodivergência siga, na maioria dos casos, um modelo poligênico e multifatorial. Isso significa que diferentes mutações genéticas podem não causar o autismo por si só, mas quando somadas ultrapassam um determinado limiar de susceptibilidade, que resulta na manifestação do autismo. Muito provavelmente, esse processo ainda ocorre pela interação com fatores ambientais.
Diferentes pesquisas destacam evidências de que idade avançada dos pais, infecções virais ou bacterianas graves durante a gestação, complicações obstétricas e exposição a determinadas substâncias tóxicas podem influenciar o desenvolvimento do TEA.
Um trabalho publicado em 2015 no Journal of Developmental & Behavioral Pediatricsidentificou que indivíduos com TEA que apresentam variantes genéticas raras de risco e cujas mães sofreram com infecções durante o período gestacional apresentam déficits mais acentuados na interação social e nos comportamentos repetitivos. Tais achados sugerem uma importante interação entre genes e ambiente inflamatório no desenvolvimento do transtorno.
Melhorias no diagnóstico
Os avanços nos estudos do autismo também trouxeram mudanças nas abordagens de diagnóstico, uma vez que se entendeu o quão heterogêneo ele pode ser. “Os sintomas e o grau de comprometimento da condição variam amplamente entre os indivíduos afetados.
Enquanto alguns apresentam déficits significativos de comunicação e comportamento, outros têm habilidades cognitivas preservadas ou até acima da média”, explica Andréa Sertié, que também é professora da Faculdade Israelita em Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).
Para acompanhar essas mudanças no olhar para o autismo, a Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI) divulgou, em setembro, novas diretrizes para diagnóstico e tratamento do TEA. O manual atualiza as formas de verificar o desenvolvimento de linguagem e a capacidade de socialização dos indivíduos, além de reconhecer padrões comportamentais restritos e repetitivos.
O diagnóstico continua sendo essencialmente clínico, baseado na observação direta da criança e na entrevista com os pais e cuidadores. A diferença é que, agora, a entidade também enfatiza a importância de considerar fatores ambientais, sociais e familiares que possam provocar a manifestação de sintomas associados ao autismo em crianças neurotípicas, como o atraso no desenvolvimento da linguagem e as dificuldades de regulação emocional.
A SBNI recomenda que o rastreamento do autismo comece mais cedo, entre 14 e 16 meses de vida. A condução de um exame neurológico tornou-se obrigatória para confirmar o diagnóstico, já análises laboratoriais e de imagem só devem ser solicitadas em casos específicos, nos quais há suspeita de outras condições.
Essas diretrizes também avançam na indicação de exames genéticos, como o microarranjo genômico e o sequenciamento completo do exoma, para melhor compreensão das causas e do risco familiar do transtorno.
A SBNI orienta ainda que o nível de suporte do TEA não seja definido em bebês ou logo após o diagnóstico, pois as necessidades da criança podem variar durante seu crescimento. Essa classificação é feita em três níveis, que apontam quanto suporte a pessoa com autismo pode precisar para realizar suas atividades.
Alguém com nível 1 de suporte costuma apresentar sintomas leves do transtorno e consegue viver de maneira mais autônoma. Já uma pessoa com nível 3 pode enfrentar mais dificuldade para socializar, aprender ou desempenhar atividades mais complexas. É possível que precise do apoio contínuo de um familiar ou cuidador.
Esperança de tratamentos mais direcionados
Embora o autismo não seja considerado uma doença, o tratamento é importante para garantir qualidade de vida àqueles com o transtorno. Segundo Filgueiras, atualmente, o tratamento padrão passa por intervenções comportamentais e educacionais intensivas, baseadas na abordagem de Análise do Comportamento Aplicada (ABA), e outras terapias voltadas ao desenvolvimento da comunicação, autonomia, integração sensorial e habilidades sociais”.
Já do ponto de vista da intervenção farmacológica, não existe um tratamento único e eficaz para tratar os sintomas centrais do TEA. “Mas os avanços na compreensão dos mecanismos biológicos subjacentes ao transtorno vêm permitindo uma estratificação mais precisa dos pacientes, com a identificação de subgrupos que compartilham perfis genéticos e moleculares específicos”, detalha a pesquisadora do Einstein.
Tal diferenciação é fundamental para oferecer um aconselhamento genético mais preciso às famílias e viabilizar o desenvolvimento de abordagens terapêuticas mais direcionadas. Alguns ensaios clínicos concluídos ou em andamento já apresentam resultados promissores, mesmo que limitados a pacientes com quadros clínicos específicos.
Um exemplo são os estudos sobre a leucovorina, uma forma ativa do ácido fólico (vitamina B9, também conhecida como folato). Ensaios clínicos sugerem que, quando utilizada como suplementação em indivíduos com TEA que apresentam disfunções no metabolismo desse nutriente, ela pode promover melhorias na linguagem, na cognição e no comportamento.
“No entanto, é importante enfatizar que esses efeitos não representam uma ‘cura’ do autismo, mas, sim, uma modulação de sintomas em um subgrupo com um perfil biológico bem definido”, frisa Andréa Sertié.
“Esse tipo de abordagem está alinhado aos princípios da medicina de precisão, que, em vez de buscar soluções genéricas que desconsideram a heterogeneidade do transtorno, tenta desenvolver intervenções específicas e direcionadas a subtipos biológicos e genéticos do TEA”.
Daí porque a decisão da Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, de revisar o rótulo desse medicamento para permitir que ele seja usado de maneira generalizada em crianças autistas gerou polêmica recentemente. O produto está liberado para tratar apenas condições metabólicas específicas, como a deficiência de folato cerebral, e complementar os cuidados em alguns protocolos de quimioterapia.
Os casos de autismo que apresentam disfunções no metabolismo dessa vitamina são poucos. Portanto, nem todas as pessoas obteriam benefícios com ela. “O uso da leucovorina deve ser restrito a casos bem documentados de deficiência de folato cerebral, com diagnóstico confirmado, e não deve ser considerado um tratamento universal para o autismo”, observa Marcela Freitas, da ABN.
Idealmente, o manejo do transtorno deve ser multidisciplinar, individualizado e contínuo, considerando habilidades, dificuldades e prioridades de cada pessoa. Isso pode envolver a dedicação de profissionais de fonoaudiologia, terapia ocupacional, terapia comportamental, psicopedagogia, psicomotricidade, nutrição e outras áreas complementares, variando conforme a necessidade.
“Nos últimos anos, a medicina vem se aliando a outras áreas para construir abordagens éticas, humanizadas e participativas. Esse diálogo tem sido essencial para combater preconceitos”, avalia Freitas. “O foco atual está em respeitar as diferenças, oferecer apoio adequado e promover aceitação social, entendendo que o autismo, bem como outros transtornos do neurodesenvolvimento, representa a diversidade humana”.
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