sexta-feira, abril 19, 2024
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Fraudes em concursos ‘beneficiaram’ 200 pessoas na Paraíba

Dezenove pessoas presas, 60 concursos fraudados, 12 anos de atuação criminosa em todo o Nordeste e R$ 18 milhões movimentados. Os números exorbitantes revelam a sofisticação da quadrilha desarticulada pela Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), da Polícia Civil, no último fim de semana, através da ‘Operação Gabarito’, que durou três meses com investigações. Os suspeitos auxiliavam os concurseiros através de um aprimorado sistema de pontos eletrônicos e, para isso, cobravam valores altíssimos.

Na manhã desse domingo (8), denúncias relacionadas a um concurso do Ministério Público do Rio Grande do Norte fizeram a Polícia Civil chegar aos primeiros integrantes da quadrilha. Um grupo de 10 pessoas foi detido em um condomínio de luxo no bairro do Cabo Branco, em João Pessoa, apontado como ‘QG’ dos criminosos. Na residência, ainda foram apreendidos sete carros pertencentes ao grupo e mais diversos objetos utilizados nos golpes, como pontos eletrônicos, baterias, provas de concurso e cartões de crédito. Na cidade de Natal (RN), outras nove pessoas foram presas com suspeita de participação nas fraudes.

Dentre os detidos, estão servidores públicos favorecidos pelo esquema, candidatos à vagas que estavam em processo de seleção, além de professores responsáveis por repassar as respostas aos alunos.

Paraíba no comando

Apesar de a quadrilha atuar em todo o Nordeste, o grupo agia de forma sistemática e hierárquica. Existiam núcleos em várias capitais como Maceió (AL) e Natal, mas o topo do esquema estava justamente em João Pessoa. Flávio Luciano Borges e Vicente Nascimento Borges são apontados pela polícia como os ‘cabeças’ da quadrilha. Ambos ocupavam cargos públicos alcançados através do esquema fraudulento. De acordo com o delegado Lucas Sá, Vicente Borges era cabo da Polícia Militar de Alagoas e servidor público em Campina Grande (PB). 

Como funcionava

De acordo com a DDF, o primeiro concurso fraudado pelo grupo foi o da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em 2005 e, desde então, a quadrilha agia de maneira ininterrupta. Os concurseiros procuravam o grupo através das redes sociais e os criminosos os orientavam que o esquema só seria realizado se 10 estudantes topassem participar da fraude. Para isso, era cobrado um valor de 10 vezes o salário da vaga a ser alcançada. Ainda segundo a DDF, o preço variava de R$ 30 mil a R$ 150 mil.

Quando os alunos fechavam o ‘pacote’ para o esquema, o grupo acionava professores de várias disciplinas como português, informática e matemática, que se inscreviam no mesmo concurso dos alunos beneficiados. Os professores repassavam as respostas da prova para o ‘QG’ em João Pessoa (PB) e os chefes do núcleo repassavam o gabarito para os alunos via ponto eletrônico. A Polícia Civil estima que 500 pessoas tenham sido beneficiadas durante todo o período de atuação da quadrilha, sendo 200 delas somente na Paraíba. O ‘cardápio’ de provas era extenso. Concursos municipais, estaduais e federais eram fraudados pelo grupo, dentre eles um concurso para Delegado Federal e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano passado.

‘Kit completo’

Segundo a polícia, o grupo não facilitava somente a aprovação dos candidatos. Dentro das atividades oferecidas pelos suspeitos, estava o ‘kit completo’. Com esse ‘pacote’, a quadrilha disponibilizava diplomas de nível médio e superior, além de títulos e qualquer documentação necessária para o beneficiado se inscrever na prova. 
A DDF ainda informou que todos os 19 presos irão para audiência de custódia ainda nesta segunda-feira (8) e que trabalha para que todos os que se beneficiaram com o esquema e hoje e ocupam cargos públicos sejam exonerados e presos.
Concursos fraudados
Abaixo, você confere a lista de alguns órgãos que tiveram participação de beneficiados da quadrilha:
– Guarda Civil (Prefeitura do Conde)- IBGE- Polícia Civl (Pernambuco)- UFPB- UFRPE- UFAL- IFAL- CRM (Paraíba)- HU (Campina Grande)- TRE (São Paulo)- TRT 11ª- TRF 2ª- DEPEN- CRO (Paraíba)- UFBA- Prefeitura Maceió- Ministério Público (RN)

Resumo PB

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