O senador Cássio Cunha Lima enfrenta um dilema, talvez o maior da sua agitada vida pública. Sem motivação pessoal para deixar o conforto do Senado, Cássio se ver premido por uma ala do seu partido que deseja vê-lo disputando o Governo do Estado.
O grande argumento para que o tucano enfrente essa jornada, cujo desfecho é imprevisível, são as pesquisas, aquelas mesmas que Cássio desmoralizou sucessivas vezes ao sair em franca e alarmante desvantagem para enfrentar adversários disparadamente favoritos, como foi o caso de José Maranhão.
Ninguém mais do que Cássio sabe como são suspeitas as pesquisas, para se deixar levar por elas. Por mais que elas apontem a sua vitória tranquila em primeiro turno, o senador sabe que a realidade é bem diferente e que o favoritismo de hoje pode se evaporar no decorrer da contenda.
Sair do conforto de um mandato de oito anos, que agora chega à metade, para se envolver numa batalha que pode trucida-lo ao final e sepultar antecipadamente uma trajetória de vitórias e de glória, é um risco que só o egoísmo de certos amigos pode exigir dele.
Não há clamor popular pela volta de Cássio, o que há é uma pressão setorizada dentro do PSDB para que o senador saia a terreiro e se exponha a uma campanha que pode resultar em desastres já acontecidos, em épocas passadas, quando um Wilson Braga imbatível saiu das urnas para um crepúsculo melancólico derrotado que foi por um estreante e quase desconhecido Raimundo Lira.
Como já se disse Cássio não é Deus nem imbatível; que o diga Veneziano Vital do Rego que lhe impôs sucessivas derrotas, mesmo enfrentando a poderosa máquina estadual pilotada à época pelo tucano.
Portanto, galo apanhado tem medo de água fria e Cássio deve estar avaliando as vantagens e as desvantagens de um confronto com Ricardo: vai para a arena, enfrenta o Mago, ganha e depois é afastado por força de Lei. Nesse cenário, Cássio estará dando adeus à vida pública porque teria de enfrentar mais oito anos de inelegibilidade e aí, sua franjinha já não terá tantos atrativos.
Em outro, mais terrível, perde nas urnas, porque tudo é possível – e já perdeu dentro do seu principal e mais confiável reduto por duas vezes -, nunca mais será aquele Cássio capaz de desdobros inacreditáveis que fez a sua fama de vencedor e campeão de batalhas eleitorais memoráveis.
Para Cássio seria melhor que o grupo liderado por Ruy e Cícero parasse a choradeira e resolvesse assumir o controle de suas vidas públicas e deixasse o amigo cumprir seu mandato de senador como quis o povo da Paraíba. Aquele soberano povo, que Cássio gosta tanto de invocar.
Pedro Marinho
