O primeiro ato do recém empossado deputado federal Veneziano Vital do Rego (PMDB) na Câmara Federal contraria frontalmente todo o seu agora antigo discurso de ética e fidelidade políticas, marcas que ele acentua sempre nos prolixos discursos na província, mas que hoje na Capital Federal começou a reciclar de forma surpreendente.
Na votação para escolha do novo presidente da Casa onde vai atuar pelos próximos quatro anos o cabeludo de Campina Grande não titubeou ao optar por desferir um golpe traiçoeiro na Presidente da República, a quem jurava honras e glórias, e decidiu exatamente votar no desafeto dela, Eduardo Cunha, que se elegeu com folgada maioria presidente da Câmara para o próximo biênio.
A punhalada do ex-prefeito campinense não atingiu somente Dilma Rouseff, a quem a família Rego – especialmente o primogênito Vital do Rego, premiado pelo Planalto com uma cadeira vitalicia de ministro do TCU – deve de fato todas as honras e todas as glórias, mas também o candidato derrotado Arlindo Chinaglia, um amigo de Campina Grande que recebeu, por propositura à época de Fernando Carvalho (Líder de Veneziano na Câmara), o título de Cidadão Campinense exatamente pelos serviços que prestou à administração do cabeludo quando abriu largas portas no Governo para os pleitos e projetos da gestão.
Embora tenha sido secreta a votação, o que permite ao deputado jurar que não traiu Dilma, seus gestos pessoais ao ver consolidada a vitória de Eduardo Cunha o desmentirão para sempre.
Veneziano também tem a seu favor, para justificar a traição a Dilma, o fato de dizer que seguiu a orientação partidária.
Colegas da bancada paraibana, contatados pela redação d’APALAVRA, se disseram surpresos e estarrecidos diante da alegria excessivamente juvenil de Veneziano, flagrado pelas lentes da grande imprensa nacional em esfuziante e apaixonada festa na hora em que o resultado do pleito foi proclamado, sem deixar dúvidas de ter sido notável eleitor do novo presidente.
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi eleito em primeiro turno para presidir a Casa pelos próximos dois anos com 267 votos. Derrotou Arlindo Chinaglia (PT-SP), Júlio Delgado (PSB-MG) e Chico Alencar (Psol-MG).
Liderando um bloco de 218 deputados, Cunha obteve um número ainda maior de votos. Chinaglia recebeu 136 votos, enquanto Delgado ficou com 100 e o candidato do Psol, oito. O peemedebista saiu ainda mais fortalecido da disputa por ter conseguido indicar o primeiro vice-presidente e o primeiro secretário da Casa.
Tião Lucena