sexta-feira, maio 3, 2024
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Família encontrada carbonizada no ABC: o que se sabe e o que falta saber

Nesta terça-feira (4), uma semana depois, polícia diz não ter mais dúvidas sobre planejamento do crime por parte da filha do casal morto e da namorada dela e do envolvimento de 3 homens. Investigação não está certa sobre motivação do crime.

Na madrugada da última terça-feira (28), os bombeiros encontraram corpos carbonizados de uma família em um carro em chamas na área rural de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. As apurações avançaram e a polícia investiga o envolvimento de 6 pessoas no crime, sendo uma delas, a filha do casal.

Confira abaixo o que se sabe e o que ainda falta saber sobre o caso, de acordo com as investigações:

Quem eram as vítimas

Uma família com mãe e pai empresários – Flaviana e Romuyuki Gonçalves, e o filho adolescente Juan Victor Gonçalves, de 16 anos. Flaviana tinha duas perfumarias e Romuyuki era prestador de serviços para uma montadora.

Cronologia do crime

  • Às 18 horas de segunda-feira (27), Ana Flávia Gonçalves, a filha, chega com o próprio veículo modelo Palio na casa onde moram seus pais e irmão. O carro entra e sai do imóvel algumas vezes.
  • Às 20 horas, a namorada de Ana Flávia, Carina Ramos, chega a pé usando um agasalho com capuz.
  • Por volta da meia noite de terça-feira (28), a mãe de Ana Flávia, Flaviana, chega dirigindo o carro da família, modelo Jeep Compass de cor azul, encontrado posteriormente carbonizado.
  • Quase 3 horas depois, por volta da 1 hora de terça-feira (28), os dois carros, o Palio e o Jeep, saem juntos do condomínio. Quem dirigia o carro da família era Flaviana.
  • Às 2h50, o Corpo de Bombeiros recebe chamado para atender a ocorrência de um carro incendiado na Estrada do Montanhão, em São Bernardo do Campo.
Carina Ramos e Ana Flávia Gonçalves são investigadas por suspeita de participação no crime no ABC — Foto: Reprodução/Redes sociais

Carina Ramos e Ana Flávia Gonçalves são investigadas por suspeita de participação no crime no ABC — Foto: Reprodução/Redes sociais

Quem são os suspeitos

  • Ana Flávia Gonçalves, 24 anos: filha do casal Flaviana e Romuyuki e irmã de Juan Victor.
  • Carina Ramos, 31 anos: namorada de Ana Flávia há 2 anos.

Segundo a polícia, as suspeitas entraram em contradição em diversos pontos do interrogatório, durante o primeiro depoimento, quando questionadas sobre horários e roupas usadas por elas no dia dos fatos.

Ana Flávia disse que a família estava envolvida com agiotas, e ambas as suspeitas negaram envolvimento no crime.

Familiares das vítimas disseram à polícia que a transferência de um carro teria gerado uma discussão acalorada na família dias antes das mortes, e que o casal Ana Flávia e Carina tinha um relacionamento conturbado com Flaviana e Romuyuki. Carina, inclusive, era proibida de frequentar a casa dos sogros.

Por esses motivos, a polícia pediu a prisão de ambas, que estão detidas no 7º Distrito Policial (DP) de São Bernardo.

  • Juliano de Oliveira Santos Júnior: primo de Carina.

Baseada no depoimento de uma testemunha e na análise dos celulares das mulheres, a polícia passou a considerar o envolvimento de outras pessoas no caso.

Uma testemunha relatou ter visto um homem de 1,90 m ajudando Ana Flávia e Carina a retirar objetos pesados de dentro da casa e posicionar dentro do carro. Na sexta-feira (31), o suspeito foi identificado como Juliano de Oliveira Santos Júnior, primo de Carina.

Em um segundo depoimento à polícia, Carina apresentou uma nova versão sobre o crime, informando que o primo a procurou pedindo informações sobre a condição financeira dos parentes de Ana Flávia.

Por este motivo, a prisão temporária de 30 dias foi solicitada pela polícia e decretada pela Justiça. Ele está em uma cadeia para presos provisórios em São Caetano do Sul.

Segundo a polícia, em depoimento nesta terça-feira (4), Juliano confessou envolvimento na morte e acusou a prima e a filha das vítimas de participação no crime. O homem relatou ainda que o roubo de R$ 85 mil foi planejado junto às mulheres e a outros dois comparsas, e que como o grupo não localizou o dinheiro no cofre da residência, a família foi torturada e morta.

  • Guilherme Ramos da Silva: comparsa denunciado por Juliano
  • Michael Robert dos Santos: comparsa denunciado por Juliano

Na sexta-feira, a Polícia Civil identificou outros dois homens suspeitos, Guilherme e Michael, citados em depoimento por Juliano, na ocasião em que foi identificado e preso.

Ambos estão presos, um, porque a Justiça autorizou a prisão temporária no âmbito das investigações, e o outro foi detido em flagrante por porte ilegal de arma, um revólver calibre 22.

Na casa de Guilherme, a polícia encontrou o videogame do Juan Victor, a TV da família e uma arma.

Michael foi preso no interior de São Paulo, em Avanhandava e chegou ao Deic de São Bernardo nesta terça-feira (4) para prestar depoimento.

O que foi constatado por perícia

  • O carro da família foi encontrado em chamas na Estrada do Montanhão, São Bernardo do Campo, no ABC paulista, próximo ao Rodoanel. O local fica a cerca de 6 km do condomínio de sobrados em Santo André onde a família morava.
  • Havia dois corpos totalmente carbonizados no porta-malas do veículo.
  • Os três corpos foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) Central, onde foram realizados exames para identificação. Na quinta-feira (30), um laudo apontou que a causa da morte dos 3 foi traumatismo craniano, possivelmente em decorrência de pauladas na cabeça. As vítimas, então, foram mortas antes de terem os corpos queimados na Estrada do Montanhão.
  • Na residência, a polícia encontrou o local revirado. Os policiais também identificaram que foram levados objetos de valor, como joias, TV, videogame, dinheiro em espécie que somam a quantia de R$ 8 mil em moeda nacional e estrangeira, além de uma arma antiga quebrada, que pertenceu ao avô da suspeita, Ana Flávia.
  • No sábado (1), exames feitos pela polícia confirmaram a presença de sangue humano na casa da família, nas escadas, nas roupas e na máquina de lavar.
  • A polícia teve acesso a imagens de câmeras de segurança da portaria do condomínio, que mostraram a visita de Ana Flávia aos pais na noite que antecedeu a madrugada do incêndio, seguida da saída do carro dela e da família do local.
Juan Victor Gonçalves tinha 16 anos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Juan Victor Gonçalves tinha 16 anos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

O que não se sabe e linhas de investigação

Nesta terça-feira (4), a polícia diz não ter mais dúvidas sobre o envolvimento do grupo nem do planejamento do crime por Ana Flávia e Carina, mas ainda não está certa sobre a motivação.

  • A polícia tem como uma das linhas de investigação uma possível briga familiar. A outra hipótese seria de um latrocínio – roubo seguido de morte, mal sucedido. A polícia cogita ainda que o grupo visava a herança que Flaviana e Romuyuki deixariam depois de mortos.
  • A investigação ainda não está certa de que Flaviana foi obrigada a dirigir o carro da família até a estrada com o marido e o filho no porta-malas, antes de ser morta na via, ou se foi morta junta com os 2.
  • A investigação procura a arma usada para matar as três vítimas.
  • A investigação ainda tenta identificar um sexto suspeito.

G1

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